A Ilusão do Controle: Por que Prevenir é Melhor que Apenas Contratar um Plano de Saúde.
- Rodney
- 25 de set. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 26 de mar.

Gerir uma empresa nos dias de hoje envolve uma série de desafios, e um dos mais críticos está diretamente ligado à saúde dos seus empregados. A maioria das empresas acredita que, ao contratar um plano de saúde, está garantindo controle e segurança financeira para lidar com eventuais problemas de saúde. No entanto, isso pode ser uma ilusão de controle, que, na prática, não evita que doenças aconteçam e que os custos aumentem continuamente.
A realidade é que o sistema de saúde suplementar enfrenta desafios estruturais sérios, e simplesmente contratar um plano de saúde, sem um planejamento coordenado de ações preventivas, gera um falso senso de segurança. O que muitas vezes falta é uma visão estratégica de como prevenir o adoecimento e não apenas reagir a ele. Isso é ainda mais crítico no contexto de empresas que precisam gerar lucro e evitar perdas financeiras relacionadas à doença.
O Verdadeiro Impacto das Doenças no Negócio
Quando um empregado adoece, independente da causa — sejam doenças adquiridas ou condições relacionadas ao próprio trabalho, como doenças ocupacionais — o impacto no negócio vai muito além dos custos médicos. Quando um familiar adoece, surgem variáveis ainda mais difíceis de gerenciar, pois é impossível separar os vários aspectos da vida. A febre do filho vai junto para a empresa.
Doenças e absenteísmo geram uma perda direta de produtividade, o que afeta a lucratividade da empresa. Além disso, o custo com tratamentos médicos, exames e internações pode sair do controle quando a gestão de saúde é descoordenada.
Curiosamente, grandes empresas, que são especialistas em indicadores de produção e sabem exatamente como tornar seus processos mais enxutos, muitas vezes desconhecem os indicadores de saúde do seu maior ativo: os empregados. E não são apenas os indicadores do tamanho da fatura no final do mês ou dos pleitos anuais de reajuste contratual. Elas delegam a terceiros o cuidado com a saúde do seu time, de forma descoordenada, e pagam caro por isso. Seria como entregar a manutenção de equipamentos a um grupo que não fala com o engenheiro de produção, que não fala com o gerente financeiro, que não fala com o RH, mas o presidente ainda espera que a empresa gere lucro com baixo custo.
A Chave: Prevenção e Coordenação para Evitar Custos Excessivos
Com o aumento constante dos custos na contratação dos planos de saúde, e por esse investimento ser visto apenas como uma grande conta de despesas, a responsabilidade acaba caindo, muitas vezes, sobre a área de suprimentos. Naturalmente, a lógica da área de compras é encontrar o fornecedor que atenda o escopo exigido pelo menor preço. Já assistimos a esse comportamento muitas vezes, o que leva a uma sucessão de “downgrades” dos planos de saúde, impondo opções que geralmente resultam em uma menor entrega de valor para os beneficiários.
Para os empregados, isso gera a sensação de uma perda contínua de benefícios, criando uma lógica perversa, onde o plano de saúde, que deveria ser um diferencial positivo, acaba se tornando um símbolo de insatisfação. O que era um benefício valioso passa a ser visto como um recurso limitado, com uma relação de troca de trabalho cada vez menos vantajosa.
Esse cenário é ainda mais agravado pelo fato de que a responsabilidade pelo cuidado e preservação do sistema de saúde deveria estar nas mãos do ecossistema de prestadores de serviços de saúde. Nada mais natural do ponto de vista do mundo ideal. Contudo, isso não ocorre, pois o sistema é remunerado exclusivamente pela doença. Quanto mais doenças e doentes surgem, mais necessidade há de cuidados, gerando lucro para alguns e despesas para outros – principalmente para as empresas, que pagam a maior parte da conta. E mais uma vez recai sobre o financiador (a empresa) uma lógica invertida, pois acarreta no ônus de se tornar também o cuidador, já que é ela quem tem o maior interesse em manter os empregados e suas famílias saudáveis, mas que depende de um sistema que ganha quase que exclusivamente com o adoecimento.
Uma das "curiosidades" é que se acredita que o passaporte que da direito ao acesso as quatro paredes do consultorio médico - a tão cobiçada "carterinha do convênio"- pode mudar o que acontece neste ambiente que deveria ser sagrado com as bençãos do pai da medicina.
Com todo o poder que emana da caneta do profissional de saúde, ainda muito poucos reconhecem a sua responsabilidade de também manter o sistema viável. E justamente reconhecer as competencias tecnicas aliadas a visão estatégica do sistema é que diferencia os que se candidatam a ser as refêrencias para a sobrevivencia do sistema em medio prazo e longo prazo.
A Inversão de Responsabilidade: A Empresa como Cuidadora
Este é um ponto crítico: o sistema atual premia a doença, e não a saúde. E quem paga a conta? A empresa, que deveria estar focada em produzir mais, se vê na posição de gestora de saúde, tentando manter seus empregados longe de doenças. Isso cria uma inversão de responsabilidades, onde o financiador (a empresa) também precisa ser o cuidador.
O que é necessário, então, é um planejamento estratégico de saúde que envolva não só o tratamento, mas principalmente a prevenção e a educação em saúde para evitar que os empregados e suas famílias adoeçam.
Coordenação do Cuidado: O Papel da Rede Credenciada
Além disso, uma vez que o empregado ou sua família adoeçam, é essencial que o atendimento seja bem coordenado. Um bom relacionamento com a rede credenciada de saúde, apoiado por protocolos de atendimento claros, pode garantir que os tratamentos sejam realizados com rapidez e eficácia, devolvendo o paciente à sua plena saúde e produtividade no menor tempo possível.
Quando a empresa adota uma gestão integrada de saúde, ela ganha mais do que controle sobre os custos. Ela ganha empregados mais saudáveis, produtivos e comprometidos, o que reflete diretamente na lucratividade. Saúde não é custo, mas tem um preço; saúde bem gerida é um investimento que rende mais eficiência e melhores resultados.
Evite a Ilusão: Invista em Ações Proativas
Contratar um plano de saúde não é suficiente. Ele, por si só, não evita que doenças aconteçam e, muito menos, garante que os custos serão controlados. Apenas com uma abordagem proativa, focada na prevenção, e com uma gestão coordenada do atendimento, a sua empresa poderá realmente manter os custos sob controle e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida dos seus empregados.
A saúde do trabalhador e de sua família é parte fundamental do sucesso da sua empresa. Não se deixe enganar pela ilusão de controle financeiro que a simples contratação de um plano de saúde pode gerar. A verdadeira segurança está em prevenir doenças, minimizar o absenteísmo e garantir que, quando o atendimento for necessário, ele seja feito de maneira eficiente e coordenada.
É urgente que a empresas se tornem protagonistas na gestão da saúde dos seus empregados e suas famílias. Este é um caminho sem volta, um encargo que não fazia parte da vida das áreas de recursos humanos e menos ainda dos altos executivos, mas será cada vez mais uma rotina para manter a viabilidade e sustentabilidade financeira do negócio, reduzir custos e aumentar a produtividade no longo prazo.




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